Por Lavínia Schwantes.

Sou profe de Bio, eterna aprendiz, e saídas de campo com mato, água, muito verde, sujeira de terra sempre me encantaram. Assim, entrei no mundo de “fazer trilhas”…. Perceber que somos só mais um grãozinho nesse imenso mundo é muito mais espiritual que qualquer culto/missa possa ser. Das trilhas de bate e volta num mesmo dia, logo parti para caminhadas mais longas com duração de quatro dias, sete dias, subindo e descendo, passando por diferentes paisagens. Mas neste março de 2019, o desafio era enorme, 220km em sete dias numa linha reta e plana pela praia do Cassino, em Rio Grande, cidade que me acolhe desde 2009.

A princípio, achei que seria barbada caminhar no plano cerca de 30km por dia e que meu treinamento de um mês caminhando todo dia 9km com os calçados que usaria na travessia dariam conta perfeitamente…. #sóquenão. Mesmo acostumada com trilhas, foi um desafio e tanto!!!

A travessia dos faróis te faz pensar.

Caminhar às vezes com um companheiro, com o diálogo permitindo que tu te conectes com aquelas novas pessoas que ainda não conhecia e conhecendo o olhar que cada um dava àquela caminhada, àquela paisagem, àquele momento… Outras tantas vezes, sozinho, pensando no “grão de areia” que somos, na vida, nos problemas cotidianos ou em nada, observando a gaivota que voa ou sentindo o sol queimando na nuca…

A paisagem se segue a cada dia na sua solitude entre mar de um lado e areia e dunas do outro. Constantemente…. Todos os dias! As diferentes espécies de aves nos acompanhavam, assim como o grupo de parceiros caninos que ganhamos desde a saída do Cassino…. E dessa forma, decorreram os sete dias, andando em linha reta, cujo cansaço era assunto das rodas de conversa nos acampamentos à noite.

Não consegui completar o percurso, no terceiro dia, ao ficar pra trás sozinha e não conseguir lidar com as bolhas nos pés e os pensamentos ruins que insistiam em se fazer presentes na minha mente (já tinham alertado que o psicológico era poderoso nessa travessia!), peguei carona na hora do almoço. No dia seguinte, nada de melhora nas bolhas, que me faziam até mancar, e fiquei o dia sem caminhar, observando e curtindo os locais que o carro de apoio parava, fazendo pequenas incursões a pé e tirando fotografias. Segui os dias seguintes, e peguei novamente carona no almoço no último dia que tinha muito vento com areia. Nesse último dia, a cada companheiro que chegava caminhando nos molhes da Barra do Chuí, nova comemoração interna minha de estar ali presenciando a vitória de cada um que não se entregou! O simples tocar a mão nos molhes era uma alegria para um. E compartilhar a alegria desse grupo foi uma das coisas que mais gostei. Que gente boa pra caralho!!!

Valeu a pena passar por isso?

Óbvio! Como professora desde sempre, o aprendizado é algo que me inquieta e me faz mover… Aprendi, nesses dias, a conviver com pessoas, de início, completamente estranhas e que agora, guardo com muito carinho e espero vê-las novamente. Aprendi que não se deve amarrar muito apertado os calçados pois as bolhas só pioram – hehe. E por fim, especialmente, aprendi os meus limites, tanto de pensamento quanto de corpo!!!



Veja as fotos da travessia registradas pelo grupo

Álbum – Fotos da Travessia dos Faróis por Camila Coubelle

 

Álbum – Fotos da Travessia dos Faróis por Erick Sanz

 

Álbum – Fotos da Travessia dos Faróis por Rose Furriel

 

Álbum – Fotos da Travessia dos Faróis por Sueli Tostes

 

Álbum – Registros da Travessia dos Faróis por José Fernandes

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